Toda a história de Israel é marcada pelo acto de caminhar: Abraão deve deixar sua própria terra; o povo escravo no Egipto caminha por mais de quarenta anos através do deserto; o próprio Yalweh é percebido como uma presença intima e móvel. Mais tarde, as celebrações rituais retomam o tema do êxodo transformando-o em peregrinação.
No Novo Testamento, Jesus é o peregrino que não somente participa da peregrinação ao templo, mas que faz de toda a sua vida uma longa peregrinação para Jerusalém, onde será preso e crucificado. Aos discípulos é pedido que percorram o mesmo caminho até o sofrimento e morte. A experiência da morte e da ressurreição de Jesus converterá os peregrinos galileus amedrontados (Mc. 14,27) em verdadeiros missionários que vão para toda a parte (Mc. 16,20). E é através do seguimento de Jesus que os missionários vão se fazendo discípulos do Mestre.
Seguir Cristo como peregrino, é desinstalar-se; é fazer da vida um contínuo deslocar-se de um lugar para outro, solidarizando-se com os desenraizados e migrantes; é tornar-se um companheiro na busca de uma morada. Mas, ainda mais, o que segue Cristo como peregrino, aponta para outra morada “porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Heb. 13,14)
O tema do enraizamento e do desenraizamento e, ao mesmo tempo, a vida presente e aquela que deve vir, representam uma tensão que gera a missão. O caminho missionário acontece propriamente nessa tensão constante entre o presente e o futuro.
A espiritualidade do peregrino é caracterizada por uma peregrinação em busca de uma morada definitiva. É um deslocar-se constantemente para buscar o definitivo, superando o provisório, o efémero, o limitado e o temporário. A história da missão e dos que querem seguir Cristo representa uma epopeia de andança e de movimento de pés que se deslocam entre trilhas e veredas, em florestas, em morros enlameados. È um caminho de encontro com culturas e religiões, as mais diversas possíveis, apontando para além dos horizontes. “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura”. (Mc. 16,15) Representa sempre uma busca e traduz-se em encontros: o encontro com Deus e o encontro dos irmãos.
O peregrino não leva nada consigo, somente o essencial. Uma sacola, uma roupa e um bastão, são o suficiente. Há peregrinos no mundo todo que dependem do apoio e da bondade das pessoas. Há peregrinos urbanos que, nas grandes megalópoles, se solidarizam com os despossuidos e põe suas energias ao serviço da vida. É preciso andar sem parar nunca, deslocar-se a procura do absoluto e na realização do projecto de Deus.
Tu Jovem! Não queres fazer esta peregrinação ? É uma aventura que vale a pena apostar nela.
Padre Valdemar (Filhos da Caridade) Jan 2011
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